Algumas vítimas do terrorismo, em Cabo Delgado, estão a ser obrigadas a comprar terra nos centros de reassentamento de deslocados abertos no distrito de Montepuez, para evitar conflitos com a população nativa.
Montepuez, no sul de Cabo Delgado, é um dos distritos com mais deslocados ao nível da província, e o número de pessoas começou a aumentar desde o ataque terrorista à vila de Palma, no dia 24 de Março último.
“Chegamos e logo que começamos a limpar o espaço veio o dono, e disse para saírmos. Mas se quiséssemos ficar tínhamos de tirar 500 meticais. E depois disse que se quiséssemos ficar tínhamos de lhe dar 500, e roupa. Se não têm nada, saiam”, contou Anzani Amisse.
Um facto confirmado por outro deslocado, Mabote Changade, ouvido pelo “O País”. “Esse terreno comprei por 500 Meticais, no entanto, veio outra pessoa a pedir mais 500. E assim não sei o que fazer e não estou entender porque devo pagar outra vez”, disse.
Além de terra para a construção de casas e abertura de machambas, alguns deslocados são, também, obrigados a comprar as senhas que dão direito à recepção de ajuda humanitária.
“Essas senhas estão a vender. Eles querem que eu pague 200 meticais. Agora esses 200 meticais para comprar senha, onde vou apanhar?”, questionou Catarina Xavier.
A vida nos centros de reassentamento de Montepuez é considerada dura, porque a lista de problemas é longa e a situação poderá agravar-se nos próximos dias, com a chegada de mais deslocados.
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