Escrever à mão direita é um exercício normal, mas não para Ancha Tajú que nasceu canhota, mas quis o destino que, aos 42 anos de idade, ela aprendesse a escrever à mão direita.
Tudo começa depois de ela ter sido vítima de um acidente de viação, do qual não se lembra, pois diz que apenas despertou quando estava no hospital onde descobriu que o seu braço esquerdo se partira.
Partira-se o braço esquerdo, por sinal, o que usava para todas as suas actividades. Aí começou o drama da Ancha Taju. Ela teve de ser submetida a uma cirurgia de recuperação, em que colocaram ferros no braço, mas sem adiantar em nada.
Meses depois, Ancha foi transferida para o Hospital Central de Maputo onde foi submetida, desta vez, a duas cirurgias.
No entanto, nem isso ajudou Ancha a recuperar-se completamente. Ela já não pode sequer escrever, muito menos usar a mão esquerda para os seus afazeres quotidianos.
Queixa-se de dor em todo braço, a mão não responde a nenhum comando e os dedos ficam sempre secos.
Aliás, até um simples gesto de colocar a máscara no rosto é para si uma grande ginástica. Na cozinha, só com a ajuda de outras pessoas é que ela consegue fazer alguma coisa.
Ancha é apenas uma das dezenas de pessoas que foram vítimas de acidentes de viação que, em apenas três meses deste ano, já mataram 26 pessoas em toda a província.
Aurora da Silva, chefe de operações na Polícia de Trânsito em Inhambane, revelou ao “O Pais” que, em 2019, foram registados 114 acidentes com 137 mortos, número que caiu para 72 com 94 mortos em 2020.
Entretanto, no primeiro trimestre deste ano, foram registados 25 acidentes de viação que mataram 26 pessoas, contra 21 acidentes do primeiro trimestre de 2020 com igual número de mortos.
Os atropelamentos são a causa da morte de mais da metade de pessoas que, este ano, perderam a vida nas estradas de Inhambane.
Em três meses deste ano, registaram-se 14 acidentes do tipo atropelamento, que mataram igual número de pessoas.
No ano passado, foram, ao todo, 34 atropelamentos. Ou seja, em apenas três meses deste ano, foram registados perto da metade de todos os atropelamentos registados no ano passado.
Para reduzir o índice de acidentes de viação, a Polícia diz estar a intensificar a fiscalização, combinada com a educação de automobilistas, vendedores dos mercados e estudantes.
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