Rendição foi a mensagem de força eleita por Filipe Nyusi para transmitir aos moçambicanos, no dia em que o país prestou homenagem aos heróis nacionais. O Presidente da República garante que não haverá retaliação contra os jovens que deciderem desmembrar-se das fileiras do terrorismo em Cabo Delgado e dos ataques armados atribuídos à Junta Militara da Renamo em Manica e Sofala.
O país “parou” hoje para recordar os homens e mulheres que, inconformados com a opressão colonial, arriscaram suas vidas para conduzir a pátria à conquista da independência. Mas o feriado nacional coincide com a passagem dos 52 anos da morte de Eduardo Mondlane, considerado arquitecto da unidade nacional, vítima de uma bomba colocada num livro, a 3 de Fevereiro de 1969, em Dar-es-Salaam, na Tanzânia, reza a história.
Discursando a partir da Praça dos Heróis na cidade de Maputo, o Chefe do Estado apontou os desafios que ameaçam as conquistas da Nação. “Entre os desafios com que nos debatemos na actualidade e que inspirados nos nossos heróis temos a convicção de os superar, destacamos o combate contra o terrorismo, a eliminação dos ataques armados da Junta Militar da Renamo, a resposta à COVID-19 e aos efeitos das mudanças climáticas”, introduziu o Chefe de Estado.
Sobre o terrorismo, o Presidente da República usou da ocasião para chamar à consciência “os nossos concidadãos, na maioria jovens, dos 14 aos 20 anos, recrutados pelos terroristas, a não heristarem quanto ao seu retorno às suas famílias, como têm manifestado nos últimos tempos”, no sentido de se “juntar às suas comunidades”.
Mas o Comandante-em-Chefe das Forças de Defesa e Segurança sabe que os visados podem temer retaliações ao tomar essa decisão, pelo que deixou uma garantia: “as estruturas locais e as Forças de Defesa e Segurança tudo farão para vos receber em segurança e garantir o vosso enquadramento”.
Do norte ao centro do país, Filipe Nyusi começou por considerar os ataques protagonizados pela Junta Militar da Renamo “uma afronta ao desejo dos moçambicanos de viver em paz e harmonia”.
Também sobre este assunto apelou, mais uma vez, a Junta Militar para depor as armas e juntar-se ao processo do Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) em curso, sobretudo, neste momento em que grande parte das pessoas que compõem o movimento “estão a ganhar a consciência de que a solução mais acertada é todos os irmãos da Renamo juntarem” ao processo.
O Governo assume a sua responsabilidade de, em conjunto “com a direcção da Renamo e com o apoio da comunidade internacional, continuar a “desarmar, desmobilizar e reintegrar, convenientemente, os ex-guerrilheiros da Renamo”, conforme o acordo alcançado por via do diálogo.
Não se fala hoje de desafios sem mencionar a pandemia da COVID-19. Na visão do Presidente da República, a pandemia é “um verdadeiro flagelo sanitário de dimensões sem precedentes”.
Com o país num ritmo de contaminação acelerada, Nyusi reconhece que desde a sua última comunicação à Nação, a 13 de Janeiro, a tendência de subida galopante das infecções não mudou para o melhor, simplesmente, agravou-se.
“Registam-se mais casos de contaminações, mais hospitalizações e eleva-se o número de óbitos. O país está a ver-se na contigência de adoptar medidas cada vez mais restritivas para o bem colectivo”, disse Filipe Nyusi, prometendo falar à Nação sobre o assunto esta quinta-feira.
No que aos danos impostos pela natureza diz respeito, nos últimos anos, Moçambique tem sido “frequentemente fustigado” por intempéries (ciclones tropicais, ventos e chuvas fortes) resultantes das mudanças climáticas, disse Nyusi.
“Depois de termos sido afectados por dois ciclones, Idai e Keneth, em 2019, voltamos a ser fustigados pelo ciclone «Chalane» e «Eloise», na época chuvosa 2020/2021”, afirmou o Chefe do Estado, avançando que o «Eloise» “interrompeu o funcionamento normal dos serviços de educação, saúde, fornecimento de água e energia, comunicações entre outras”.
De acordo com Nyusi, “o ciclone perturbou as actividades de subsistência e com as inundações destruiu milhares de culturas agrícolas e interrompeu vias de comunicação e destruiu vias de acesso e outros edifícios públicos e privados”.
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