“Matamo-nos por causa do gás”, diz Filipe Nyusi

12:37

O Presidente da República diz que os moçambicanos estão a matar-se por causa do gás natural. Filipe Nyusi falava, hoje, durante a inauguração da fábrica da empresa Cervejas de Moçambique, um investimento de 180 milhões de dólares.


Um dia depois de o Presidente da República ter dito, em Matutuíne, que os ataques na vila de Palma visam atrapalhar os moçambicanos e alimentar os interesses dos inimigos, Filipe Nyusi voltou a falar sobre o assunto nesta quinta-feira, tendo destacado a cobiça interna pelo gás.


“No nosso discurso de tomada de posse, vincámos bastante a questão da diversificação da economia. Tem vindo a pensar-se só no gás e até nos matamos por causa disso. Quando diversificamos a economia, tornamos o país robusto”, não se alongou Filipe Nyusi sobre este tema.


INAUGURAÇÃO DA FÁBRICA


Trata-se de um empreendimento que ocupa uma área de 40 hectares e que tem capacidade para produzir 80 mil garrafas de cerveja por hora. Depois do corte da fita, Filipe Nyusi efectuou uma visita à unidade de produção e interagiu com os trabalhadores, na sua maioria jovens.


Com a inauguração do empreendimento, o PCA da Cervejas de Moçambique (CDM), Tomás Salomão, falou de desafios. “Este é o maior e mais moderno empreendimento de manufactura de cerveja do país e um dos maiores de África. Esta cervejeira, que é a quarta que implantamos no território nacional, constitui, sem sombras de dúvidas, o maior e mais ambicioso investimento da Cervejas de Moçambique desde a sua fundação. O nosso sonho é que, a partir desta unidade, possamos abastecer, não só o nosso país, como também os vários mercados da região, reforçando a já existente capacidade das unidades de Nampula, Beira e Vale de Infulene”, esperançou o gestor.


Na ocasião, Filipe Nyusi destacou a aposta da empresa na utilização de matéria-prima nacional, facto que contribui para a melhoria da vida dos camponeses.


“Ao promover a participação do sector familiar na produção do milho e da mandioca, a empresa Cervejas de Moçambique transforma o agricultor de subsistência em um agricultor comercial, impoderando-os economicamente. Grande parte da produção de mandioca produzida em Nampula, por exemplo, as famílias faziam maioritariamente para o consumo. Mas agora, os produtores estão a trabalhar com garantias de que podem vender o seu produto, porque há mercado para tal”, reconheceu.


O Chefe de Estado congratulou ainda o facto de o empreendimento estar a gerar empregos.


“Esta empresa está projectada para uma capacidade de produção de dois milhões e quatrocentos mil hectolitros de cerveja por ano. É gratificante saber que, na fase operacional, a fábrica passou a empregar cerca de 300 pessoas, sem esquecer que, durante a sua construção, chegou a empregar mais de duas mil pessoas”, destacou.


Na ocasião, a empresa Cervejas de Moçambique anunciou uma doação de um milhão de dólares para a compra de vacinas da COVID-19.



PÁSCOA SEM EXCESSO


Semana de Páscoa não deve ser usada para excessos, avisou hoje, o Presidente da República. Numa mensagem endereçada aos cristãos, Filipe Nyusi pediu aos crentes que orem pelas vítimas do terrorismo em Cabo Delgado.


Há poucas horas da celebração da Sexta-feira Santa e há menos de três dias das festividades da ressurreição de Jesus Cristo, o Presidente da República alerta aos cidadãos nacionais para que não haja excessos.


“Chamar atenção aos nossos compatriotas que, amanhã celebra-se a Sexta-feira Santa e, no domingo, a páscoa. Não olhem este momento como um fim-de-semana longo. Temos que evitar aglomerações, usemos devidamente a máscara, lavemos repetidas vezes as nossas mãos, evitemos abraços, praias, festas e bares”, advertiu Filipe Nyusi, recordando o cenário ainda preocupante da doença.


“A doença prevalece, muitas pessoas estão a ficar internadas e outras estão a morrer por causa do vírus. Creio que cada um de nós tem exemplos próximos de pessoas que morreram ou que estão internadas”.


Uma vez que a celebração religiosa vai provocar a entrada massiva dos moçambicanos que vivem na África do Sul, Filipe Nyusi anunciou o aperto das medidas de fiscalização. “Nas nossas fronteiras, iremos registar movimento intenso de entradas e saídas. Os que entram são moçambicanos e têm o direito de visitar as suas respectivas famílias, mas lembrem-se que o decreto sobre a situação de calamidade pública está em vigor e o seu cumprimento é individual. Pedimos que não haja excessos, vamos intensificar as medidas de fiscalização. Já tivemos a experiência do que aconteceu no fim-de-ano, sejamos prudentes”, reiterou o Chefe de Estado.


Na ocasião, Nyusi endereçou uma mensagem de felicitação aos cristãos e anunciou, para segunda-feira, uma comunicação à nação sobre a COVID-19.


“Para os cristãos de todo o mundo, em especial aos do meu país, desejamos uma Sexta-feira Santa cheia de tranquilidade e que as orações e as reflexões conduzam os moçambicanos a uma paz, livrando as populações, hoje, directamente vítimas do terrorismo, da dor e do sofrimento”, concluiu.


Filipe Nyusi falava, esta quinta-feira, em Marracuene, durante a inauguração da maior fábrica da empresa Cervejas de Moçambique.

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