Alguns cidadãos da baía de Pemba, na Província de Cabo Delgado, estão preocupados com a desorganização na expansão da cidade, devido a falta de urbanização e alguns serviços sociais básicos para a vida da população urbana.
Apesar de ser considerado um dos principais destinos turísticos do país e do mundo, com várias casas construídas de materiais convencionais, segundo os residentes, a cidade parece estar a regredir, e actualmente, a maior parte dos bairros parecem verdadeiras aldeias rurais.
“Pemba parece mais uma aldeia que cidade, especialmente nos subúrbios onde há várias construções desordenadas que chegam a fechar vias de acesso. Quando alguém perde a vida, é difícil passar com a urna em pequenos caminhos que sobraram, e mesmo quando há incêndio, não há espaço para os bombeiros chegarem ao local do incidente,” reclamou Cussuai Valio, um jovem natural e residente de Pemba.
Outra preocupação dos cidadãos está relacionada com a crise de água que afecta a maior parte dos bairros periféricos da cidade, onde os moradores recorrem a poços tradicionais.
“Temos torneiras em casa, mas as vezes ficamos um a dois meses sem água, e só recebemos factura para pagar. A única alternativa é comprar com as pessoas que têm cisternas ou poços, onde a água nem sempre é boa,” queixou-se Estefânia Mussa, uma moradora do bairro Cariaco, um dos mais populosos da cidade.
Além da urbanização e crise de água, os residentes de Pemba estão preocupados com o saneamento e o mau estado das vias de acesso, algumas das quais estão intransitáveis.
“O lixo está por todo lado, e quando os camiões fazem a recolha passam a espalhar pela estrada até ao aterro sanitário. Outra coisa que nos preocupa são as vias de acesso, que na sua maioria estão danificadas, sempre que chove a situação agrava-se”, lamentou Abacar Ingona, um outro residente da baía.
O Município de Pemba reconhece algumas falhas, e preocupações dos cidadãos, e promete transformar a baía em cidade que todos sonham, caso a população cumpra alguns deveres básicos exigidos a todas pessoas que vivem numa cidade.
“Os munícipes têm razão para reclamar, mas nem todos têm razão porque não colaboram, cumprindo com as suas obrigações fiscais, que permitiram estabilizar os cofres da autarquia para realização das obras. Nós prevíamos arrecadar entre cinco a dez milhões de meticais por mês, mas conseguimos cerca de duzentos mil mensais, porque apenas trinta por cento da população paga impostos. No entanto, apesar das dificuldades, comprometemo- nos a cumprir nossas promessas e o nosso plano, e vamos transformar a cidade graças a parceiros de cooperação,” justificou Florete Motarua.
Pemba, a maior baía da África, e a terceira maior e uma das mais belas do Mundo, foi elevada à categoria de cidade a 18 de Outubro de 1958, e actualmente conta com cerca de 200 mil habitantes.
Devido a COVID-19, desta vez, a população não participou nas comemorações dos sessenta e três da baía de Pemba, que foram realizadas em frente ao edifício do Conselho Autárquico de Pemba, onde foram apresentados discursos e algumas manifestações culturais.
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