Quem está por de trás da violência em Cabo Delgado?

10:34

(Macomia) Nas fotos, os jovens posam em carrinhas com granadas e a bandeira em preto e branco do chamado Estado Islâmico (IS). 

Quem está por de trás da violência em Cabo Delgado?


Nas revistas semanais, os membros do IS atribuem os ataques dos jovens em Cabo Delgado a "soldados do califado". Mas no terreno, na província costeira de Cabo Delgado, rica em gás, em Moçambique - onde a violência crescente está sendo atribuída aos extremistas islâmicos - poucos moradores sabem ao certo por que estão sendo atacados e quem é o responsável.

"Não sabemos o que eles querem", disse Gildo Muntanga, deslocada de guerra, cuja vila foi atacada em Movembro passado. "Nós apenas os vemos matando pessoas." Em mais de dois anos de “militância”, os ataques intensificaram-se dramaticamente nos últimos meses, segundo a ONU. Houve ataques a transportes com passageiros, incêndio de dezenas de vilas e uma série de emboscadas contra soldados moçambicanos, que tentam controlar a insurgência.

A crise fez deslocar pelo menos 100.000 pessoas e afastou os agricultores de seus campos e meios de subsistência, acumulando ainda mais miséria nas comunidades que lutam após o ciclone Kenneth, de Abril passado - o mais forte que já atingiu o continente africano.

O IS diz que sua nova filial da “Província da África Central” - alega que esta afiliada também inclui rebeldes do leste da República Democrática do Congo - está por trás de alguns dos ataques, que deixaram centenas de pessoas mortas.

Mas uma seita extremista doméstica - conhecida localmente como al-Shabab, ou Ahlu Sunnah Wal Jammah (ASWJ) - também está envolvida na violência, segundo pesquisadores, assim como extremistas do Quénia e da Tanzânia. A conexão entre IS e ASWJ permanece incerta. Além de ataques ocasionalmente atribuídos ao IS, os assassinos ainda não produziram um manifesto ou apresentaram um líder com uma clara mensagem religiosa, deixando muitos duvidando de suas inclinações jihadistas.

Entrevistas com pesquisadores e residentes locais, assim como funcionários da ONU e trabalhadores humanitários em Cabo Delgado, sugerem que o extremismo é provavelmente apenas uma parte do quebra-cabeças, e que vários grupos e células estão agora operando na região com objetivos diferentes.

Carta

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