Rede prevê crise alimentar nalguns distritos do centro de Moçambique

17:15


“Com o início da temporada baixa, em outubro, os sinais de crise (nível 3, numa escala de um a cinco, a mais grave) devem surgir em zonas do sul de Tete e do norte de Manica”, lê-se no último relatório daquela ferramenta de auxílio à ação humanitária.

O nível de crise persiste nas zonas costeiras de Cabo Delgado, no norte do país, devido ao êxodo provocado por confrontos armados, e em Gaza e Inhambane, no sul, devido a seca prolongada.

Há ainda dificuldades provocadas pela covid-19 transversais a todo o mapa.

“Em áreas urbanas e periurbanas, muitas famílias pobres são incapazes de desenvolver as atividades básicas para se sustentar devido às restrições para contenção da covid-19″, alerta o documento, concluindo que as famílias urbanas mais pobres e vulneráveis “estão provavelmente em crise”.

Apesar de Moçambique ter deixado o nível de estado de emergência para passar a vigorar um estado de calamidade para prevenção da covid-19, desde 07 de setembro, o relatório não espera melhorias imediatas para “um número crescente de desempregados e trabalhadores informais cujos negócios permanecem fechados”.

Em julho, o grupo de organizações dedicadas à segurança alimentar deu assistência a cerca de 390.000 pessoas em Moçambique, sobretudo no norte do país, mas retomando também apoios a áreas afetadas pela seca no sul.

“Prevê-se que as necessidades de assistência no país excedam amplamente a distribuição de assistência”, alerta.

Os preços dos grãos de milho, uma das bases da dieta, aumentaram 7% a 13% em comparação com o mês anterior, situando-se 11% a 50% acima dos preços de 2019 e 18% a 55% acima da média dos últimos cinco anos, conclui.

A escassez de alimentos em Moçambique e em particular em Cabo Delgado foi destacada como uma das situações mais “preocupantes” no mapa da África Austral pela diretora regional do Programa Alimentar Mundial (PAM), Lola Castro, na segunda-feira.

“A ajuda nem sempre consegue chegar a alguns distritos do nordeste” e o PAM tenta encontrar alternativas para “alcançar os inacessíveis” e fornecer-lhes “ajuda alimentar, abrigo e proteção”, referiu.

Cabo Delgado enfrenta desde há três anos ataques de grupos armados que já fizeram mais de mil mortos e 250.000 deslocados, dos quais o PAM apoiou 195.000 em julho, segundo dados daquela agência das Nações Unidas.

Moçambique regista um total acumulado de 4.764 casos de infeção pelo noco coronavírus, com 28 mortes e 2.763 recuperados.

A Fews, Rede de Sistemas de Alerta Antecipado de Fome, agrega organizações norte-americanas e serve como ferramenta de auxílio à ação humanitária.

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