Índia garante compra de 200 mil toneladas de feijão bóer nos próximos cinco anos

16:05

 

Um dos maiores investidores estrangeiros no país, a Índia, acaba de renovar um acordo com o Executivo moçambicano para continuar a importar feijão bóer produzido em território nacional. Serão 200 mil toneladas que Moçambique poderá exportar em cinco anos. 


Moçambique e Índia renovaram o acordo entre de exportação de feijão bóer. Trata-se de um entendimento ao qual os dois países chegaram a cerca de quatro anos e que agora abriu espaço para a exportação de 200 mil toneladas, nos próximos cinco anos.



A informação foi avançada ontem pelo Alto-Comissário da Índia em Moçambique, Rajeev Kumar, depois de audiência concedida pelo Presidente da República, em que Kumar despediu-se de Filipe Nyusi, após um ano e meio de exercício de trabalho diplomático em território nacional. “Como vocês sabem, o nosso Primeiro-ministro visitou Moçambique em Junho de 2016 e nós assinamos um acordo ou memorando de entendimento para importar feijão bóer de Moçambique. 

Eu fico muito feliz de informar que nós vamos prorrogar este entendimento por mais cinco anos”, disse o representante do Governo da Índia, detalhando que “nós mandamos uma proposta para o Governo de Moçambique, através do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação (MINEC) e recebemos aceitação do Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural (MADER), dando conta que eles vão exportar 200 mil toneladas nos próximos cinco anos”, assegurou.


Dados do Instituto Nacional de Cereias (ICM) indicam que a Índia é o principal comprador do feijão bóer do nosso país, tendo, no período 2012 e 2014, sido exportadas para aquele mercado cerca de 146 mil toneladas, que renderam aproximadamente 86 milhões de dólares americanos. Em Moçambique pouco mais de um milhão de famílias estõ envolvidas na produção desta cultura, que nos últimos anos tem sido considerada de rendimento em franca expansão. O norte é a região de maior produção, sendo Zambézia a maior produtora a nível nacional, cobrindo mais de 50 por cento da produção nacional. Seguem Nampula e Niassa.


RELAÇÕES COMERCIAIS EXCELENTES


Ainda na sequência do encontro de despedida ao Presidente, o Alto-Comissário da Índia em Moçambique citou ainda o Instituto Nacional de Estatísticas para evidenciar que “depois da África do Sul, nós somos os segundos, em termos de exportações, apesar de estarmos a uma distância considerável do país”. O alto-comissário datalhou que a Índia ocupou o primeiro lugar, entre 2017 e 2018, no que às exportações moçambicanas diz respeito, relegando a África do Sul para o segundo lugar. Em 2019, a Índia perdeu o pódio para a vizinha “terra do rand”, ao posicionar-se em segundo lugar. Este cenário sugere uma “competição entre a Índia e a África do Sul”, considerou Rajeev Kumar.


A fonte acrescentou que há mais de 50 empresas indianas que operam em Moçambique. “Temos investimento na área do carvão em Tete”.


Em Cabo Delgado, o país asiático tem igualmente negócios. “Todo o mundo conhece a Total”, mas o que não sabe é que ela “só tem 26.5% de investimento na área 1 da bacia do Rovuma. A Índia tem 30%”, declarou o alto-comissário. O responsável disse por outro lado que leva memórias positivas sobre Moçambique. Visitou vários lugares e gostaria de ter conhecido mais, o que não foi possível devido à pandemia do novo Coronavírus, descoberta em Dezembro de 2019, na China, e em Março, em Moçambique.


Relativamente às realizações no país, o alto-comissário apontou a inauguração, em Abril do ano passado, em Manica, de um centro vocacionado para formação técnica na área de agricultura. A fonte disse esperar que muitos jovens de Manica e Sofala tenham oportunidades de treinamento.


Em Setembro do ano findo, Kumar efectuou uma doação de material médico, avaliado em 22 milhões de meticais, ao Ministério dos Negócios Estrangeiros.


O enviado do governo da Índia prosseguiu contando que ajudou, em Dezembro passado, na mobilização de igrejas indianas instaladas em Maputo para doação de bens às vítimas do terrorismo, no âmbito da campanha “Juntos por Cabo Delgado”, lançada pelo Provedor de Justiça.


Kumar considerou “estúpido” o facto de terroristas causarem sofrimento e deslocação da população em Cabo Delgado, e garantiu ter deixado uma mensagem às empresas indianas no sentido de apoiarem a causa do Provedor de Justiça, no contexto da sua responsabilidade social.


A fonte defendeu, num outro desenvolvimento, que os esforços para o restabelecimento da ordem e tranquilidade em Cabo Delgado devem ser apoiados, sobretudo por causa das perspectivas existentes em torno da exploração do gás natural.


Terceiro país do mundo com maior número de mortes por Covid-19, a Índia aprovou recentemente as vacinas da AstraZeneca e da Bharat Biotech. Segundo a fonte, tem plano de distribuí-la por outros países e assegura que Moçambique está entre as prioridades.

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