Moçambique vai voltar a produzir vagões. A responsável pela produção é a mesma empresa que antes fazia, a COMETAL, que, em tempos, chegou a ser a quinta maior do continente. Quem está a fazer a reabilitação é o grupo Sir Motors, que comprou a firma.
Na verdade, é o renascer de uma indústria que já içou a bandeira de Moçambique além-fronteiras. Agora, na gestão e pertença do Grupo Sir Motors, a COMETAL começa as suas actividades dedicando-se à construção de vários de tipos de infra-estruturas com base em contentores.
Por contentores, entenda-se contentores que, normalmente, chegam em navios e, posteriormente, inutilizados. Mas, a COMETAL, a nova COMETAL, quer mudar isso, através do uso de cortes de ferro à laser, que implica o empreendimento de menos força.
O trabalho não pára e agora, mais do que nunca, porque Moçambique precisa. Depois dos ataques de Cabo Delgado, muitas infra-estruturas foram destruídas, e a COMETAL tem uma solução.
Nas oficinas da empresa, há postos policiais construídos à base do manuseio profissional das chapas e ferro dos contentores. O director de projectos da COMETAL, Abdul Ussene, explicou que, com esta ideia, se pretendem minorar os efeitos do terrorismo.
“Este é um posto policial móvel, composto por um balcão de atendimento, por escritório, uma cela e um primeiro andar, que é um dormitório com uma capacidade de seis ou sete bílis”, anunciou Ussene.
Mas, porque os agentes menos dormem do que fazem trabalhos de patrulhamento, cada kit daqueles contentores tem, também, algumas motorizadas para garantir as movimentações nas comunidades.
Não é só este o único projecto que está a ser desenvolvido pela COMETAL nesta primeira fase do seu renascimento. Através de contentores, constroem-se outros tipos de infra-estruturas. Por exemplo, a COMETAL produziu um posto de saúde móvel com divisões necessárias para assegurar serviços básicos de saúde.
Num dos compartimentos, por exemplo, fazem-se serviços de clínica geral, onde os pacientes podem ser atendidos, mas, se necessário, a secretária pode transformar-se em maca. Fora daqui, há mais compartimentos para ginecologia e pediatria.
Um ponto interessante é que os contentores são desdobráveis, o que facilita o seu transporte para as zonas mais distantes do país. E mais, os mesmos podem ser transformados em escritórios de trabalho.
Aliás, a COMETAL, nesta primeira fase, diz que pode transformar os contentores em qualquer infra-estrutura necessária e com iluminação garantida através de painéis solares. Mas, esta é só uma primeira fase, porque para breve há mais planos.
“Nós teremos linhas de montagem de motas e motocultivadores, linhas de montagem de camiões de 400 toneladas, isto no futuro breve. Mas, mais adiante, ainda vem a linha de fabricação”, disse Michael Antunes, director administrativo da firma.
E tudo isso faz parte de um plano devidamente cronometrado, em que se espera que a montagem de vagões seja feita em finais de 2022. E, quando isso acontecer, a COMETAL espera que o seu cliente não seja apenas a empresa estatal Caminhos-de-Ferro de Moçambique, pois está nos planos poder abranger vários outros clientes de outros mercados, fora de Moçambique.
INDÚSTRIA METALOMECÂNICA PRECISA DE INVESTIMENTOS
A revitalização da indústria metalomecânica foi tema de debate no programa O País Económico da STV, onde fizeram parte do painel Marco Correia, em representação da Associação Industrial de Moçambique, e Adalberto Barradas, em representação da própria COMETAL.
Em termos gerais, os dois painelistas defenderam que, para que esta indústria volte aos níveis em que se encontrava, é preciso que o país faça investimentos, “sem pular etapas”, tal como disse Marco Correia.
E, quando fala de não pular etapas, refere-se ao investimento que deve ser feito por todos os intervenientes do sector. “Investir nas máquinas e na formação de mão-de-obra qualificada”, um ponto com o qual a COMETAL concorda, embora não de todo.
A COMETAL entende que o país devia concentrar-se em investir em equipamento, porque, por exemplo, “a mão-de-obra, que está a ser fornecida pelas instituições de formação moçambicanas, consegue abastecer as nossas necessidades”, referiu Barradas.
Quanto ao mercado, os dois painelistas foram unânimes em afirmar que, na verdade, é preciso que se aposte mais em vender para dentro, porque o país precisa deste equipamento, “mas a certificação deve ser o nosso investimento para que, quando quisermos, possamos disputar, em igualdade de circunstância, um espaço internacional”.
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