ANTÓNIO Carlos do Rosário, o 19º e último réu a ser interrogado pelo tribunal que julga o caso das dívidas não declaradas, volta hoje, pelo quarto dia, ao tribunal, no prosseguimento da audição em torno da contratação dos empréstimos que lesaram o Estado moçambicano em cerca de 2,2 mil milhões de dólares norte-americanos.

Antigo Director de Inteligência Económica do Serviço de Investigação e Segurança do Estado (SISE) e Presidente do Conselho de Administração das empresas PROÍNDICUS, EMATUM e MAM, associadas ao escândalo, é acusado pelo Ministério Público de ter recebido, a título de subornos, 249.972 dólares. Ele responde pelos crimes de abuso de cargo ou função; corrupção activa para acto ilícito; associação para delinquir; e branqueamento de capitais.

Nos primeiros três dias do seu interrogatório, o réu António Carlos do Rosário chamou a si a elaboração do projecto de protecção costeira, avaliado, segundo ele, em  622 milhões de dólares, contrariando, deste modo, as declarações prestadas anteriormente, perante o tribunal, pelos co-réus Teófilo Nhangumele e Cipriano Mutota, segundo as quais a iniciativa estava orçada em 302 milhões de dólares. 

Disse ainda que o projecto por si coordenado denominava-se Monitoria e Protecção da República de Moçambique e não Protecção da Zona Económica Exclusiva, de que Teófilo Nhangumele e Cipriano Mutota se referiram.

No geral, o réu não tem respondido a questões que o co-réu Gregório Leão, antigo Director-Geral do SISE, não esclareceu, alegando que António Carlos do Rosário estaria em melhores condições para o fazer pelo facto de este ter sido a pessoa a quem havia sido depositada a confiança para gerir as três empresas envoltas na fraude. 

Refira-se que o réu António Carlos do Rosário viu o tribunal extrair cópias das suas declarações e remeter ao Ministério Público para a abertura de um processo autónomo por injúrias e desrespeito ao juiz Efigênio Baptista e à representante do Ministério Público, Ana Sheila Marrengula.