A Organização Nacional dos Professores (ONP) considera que os atrasos no pagamento de horas extras e a falta de subsídios de funeral e de assistência médica e medicamentosa para os professores têm estado a contribuir para a degradação da vida dos professores, bem como a afectar o aproveitamento pedagógico.
De acordo com Maria Vera Cruz, membro da ONP responsável pela área social na agremiação, a situação prolonga-se há cerca de um ano. “Horas extras fazemos com muito sacrifício e quando no fim não vemos este sacrifício recompensado, ficamos naturalmente desmotivados e, por conseguinte, a nossa prestação baixa de rendimento. As nossas condições de vida ficam degradadas e, naturalmente, a sociedade deixa de nos respeitar”, disse.
Maria Vera indicou, ainda, que a falta de pagamento das horas extras contribui para o absentismo nas escolas, “pois os professores ficam fora da escola à procura de sobrevivência”. Entretanto, de acordo com a nossa fonte, as horas extras poderão ser pagas dentro de 60 dias.
Maria Cruz falava, há dias, na cidade da Beira, à margem de uma mesa redonda sobre financiamento no sector de educação, organizada pelo Momento de Educação para Todos. “São valores que somos descontados mensalmente e nós não conseguimos perceber porque é que quando o professor precisa do apoio ele não o tem. O mesmo acontece com a assistência médica.
A questão já foi colocada ao Governo, mas ainda não tem solução. Isto até cria conflitos no seio da organização, porque há quem pensa que nada estamos a fazer. Já apresentámos muitas vezes esta questão ao Ministério da Educação e ao primeiro-ministro, mas nada.
Sentimos que se escolhe os professores para os fragilizar e colocá-los numa situação de vulnerabilidade. O professor não tem casa condigna e anda no ‘my love’. Como é que se pode exigir tanto de um professor com estas condições?”, questionou.
Para a ONP, o deficiente investimento no sector da educação vai contribuir para o país ter no futuro uma sociedade deformada.
O País
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