A maior parte da população de Pemba receia um ataque terrorista à capital de Cabo Delgado, devido à evolução da situação e por não estar a ver o fim deste conflito que fez cerca de dois mil mortos e mais de setecentos mil deslocados em menos de 4 anos.
“Estou com medo, porque quase todos os dias ouvimos falar de ataques, mortes e horrores e, até hoje, as pessoas estão concentradas aqui em Pemba, não conseguem voltar para as suas casas devido à guerra. Eu, por exemplo, recebi sete famílias de Quissanga, há muito tempo e, até hoje, por causa da situação, nem sabem quando vão voltar à sua terra,” explicou Abdul Age, um jovem natural e residente em Pemba.
Há medo e o pânico em toda a província, mas a situação é considerada grave na Baía de Pemba, o próximo alvo do grupo armado instalado em Cabo Delgado desde 2017, segundo refere um suposto aviso que começou a circular nas redes sociais, depois do ataque a Palma, uma informação que a Polícia da República de Moçambique classificou de falso alarme.
Algumas pessoas vivem com medo devido às supostas ameaças de assalto a Pemba, mas outras se sentem inseguras devido à resistência e expansão do território de acção dos supostos terroristas.
“Estou com medo, porque a situação está a progredir e, cada dia que passa, parece estar a aproximar cada vez mais à cidade e, se as coisas continuarem assim, não há dúvidas que vão entrar em Pemba”, justificou Januário Celestino, um jovem residente em Pemba há décadas.
A segurança parece estar garantida. A vida corre normalmente, pelo menos na cidade, entretanto a maior parte da população vive com medo. Os menos corajosos preparam-se para abandonar a província de modo a evitar um encontro directo com os supostos terroristas.
“Estou a pensar em sair de Pemba para Nampula por medo dos alshababes. Quando eles chegam num lugar, não escolhem se é mulher, homem, criança, velho, mulher grávida, nem o quê”, argumentou Assina Assamo.
Entretanto, enquanto alguns abandonam a cidade e a província, outros vivem sem medo, e não vêem nenhum perigo de ataque à Baía.
“Eu não tenho medo nenhum, não tenho, e vivo tranquilo, porque me parece que Pemba está segura, e só podem tomar de assalto à cidade se eles tiverem um grande exército,” reagiu Juma Abubacar, um idoso, natural do distrito de Mecufi, e vive em Pemba há quase meio século.
Outras pessoas não têm medo e recusam-se a abandonar a cidade, por considerarem normal em situações de guerra e preferem aguardar pelo fim do terrorismo em sua própria terra.
“Eu não tenho medo e não vou abandonar a minha terra”, afirmou Henriques Timba, acrescentando que “quem deve sair são esses terroristas que vieram de sei lá onde. Eu vou fugir para onde e por quê?”
Funcionário público aposentado, Timba é um dos poucos residentes da Baía de Pemba que não pensa em abandonar a sua casa e família, pois tem esperança de um futuro melhor.
“Sobrevivi a guerra do colono que teve seu fim em Lusaka, a dos 16 anos que terminou em Roma, e esta do terrorismo, tenho certeza, vamos encontrar um lugar para resolver, porque tudo tem seu fim.”
Desde que iniciaram os ataques terroristas em Cabo Delgado, em 2017, o grupo armado assaltou 5 das 17 sedes distritais, nomeadamente Mocímboa da Praia, Quissanga, Muidumbe, Macomia e Palma e as duas primeiras não foram, totalmente, recuperadas pelo Estado moçambicano.
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